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Mostrando postagens de fevereiro, 2010

A intrusa falta de sorte

      O carnaval de Maragogipe é a festa do colorido, das fantasias, das máscaras; do povo brasileiro, do nordestino, do maragogipano. Festa de longa tradição, que nunca deixa de fora a alegria e o entusiasmo, compartilhados entre povos de gostos e de desejos distintos.       É uma pena eu nunca ter participado ao vivo e em cores dessa linda festa. Não que eu não queira. É que a falta de sorte gosta de brincar comigo: quando era pequena, minha mãe não deixava porque causa da idade, agora que cresci, sempre tenho um compromisso inadiável no período da festa. Mas não pensem que eu fico de fora dela, não. Sempre tô de olho no que passa na TV e busco informações de quem registra na memória e nos equipamentos eletrônicos o que aconteceu na festa.      Se eu pudesse ficar de frente com essa tal falta de sorte, confesso que daria um soco bem forte na ponta de seu nariz. É de morrer de raiva mesmo, morava no local da festa e não podia ir. Quando era menor, achava que era mais fácil. Que na

O vôo de adeus

     Eu estava jogada no sofá ouvindo músicas e pensei que nada fosse me acontecer de bom naquele dia. De repente, ouvi alguém me chamando bem alto:        – Viviane. Viviaaane, você está aí? Fui até a porta verificar quem poderia ser. Era minha vizinha, dona Clara.        – Olha o que eu trouxe para você!        – Para mim? Mas como eu vou cuidar dele?        – Dê frutas batidas, pão molhado na água e muito amor.        Eu o peguei em minhas mãos com cuidado e fui providenciar comida, pois ele parecia estar com fome. Era um pequeno filhote de periquito, meio confuso ainda com o novo lar.        Tratei logo de pensar num nome para ele. Veio-me vários na cabeça, mas como ele era muito doce, batizei-o de Mel. Ensinei bastantes coisas a ele e como era muito inteligente, aprendeu tudo rápido.        O tempo foi passando e nos tornamos uma grande dupla. Brincávamos de esconde-esconde, ele fazia carinho no meu cabelo e até falava pequenas frases. Toda vez que Mel via alguém

Pôr-do-Sol

Lentamente, querendo ir, querendo ficar O Sol não sabe como nos deixar. Ele vai voltar, Mas o tempo que estiver distante Vai custar de passar. E eu aqui no meio da ponte a contemplar A sua passagem brilhante, Atrás do horizonte, Lá no alto, perto da outra ponte. É lindo ver o céu se preparando: Todas as nuvens se juntando Num balé de encantamento. E para não perder nem um momento, Vou registrando no meu coração. Valdelice Santos

Amor à vocação

O cônego de Cachoeira, Hélio César Leal Vilas Boas, falou de sua vocação sacerdotal sentado numa das cinco mesas do Centro de Hospitalidade Habbuni, que faz parte da Obra de Assistência Paroquial de Cachoeira (OAPC), administrada por ele. Usando óculos, camisa azul clara, calça e sapatos pretos, desfrutando os 53 anos recém-completados, não conseguiu disfarçar o seu amor pela obra divina. Quando eu perguntei como foi o despertar da sua vocação sacerdotal, ele declarou: – Minha vocação foi despertada quando eu militava no grupo de juventude em Ipiaú. Nesse contato com os jovens e os relacionamentos com alguns adultos, que acompanharam o desenvolvimento das atividades do grupo jovem, eu fui compreendendo o sentido da vida, o amor do próximo. Lá desenvolvíamos um trabalho de assistência a tuberculosos, distribuindo cestas básicas semanalmente, visitando comunidades rurais, catequizando e realizando encontros evangélicos. E no contato com esses pobres eu fui descobrindo que