Velhas e boas brincadeiras

E do nada, me bateu uma saudade enorme das minhas brincadeiras de infância e de adolescência. Quero compartilhar um pouquinho delas aqui. Se eu fosse dizer quantas brincadeiras divertidas tinham na minha época, digo dos anos 1990 para trás, escreveria um livro, falo isso sem exageros. Não eram poucas não, e não cansávamos de nenhuma. Tinha para todos os gostos, em grupo e individual. 

Baleado, esconde-esconde, onoum (pular elástico), amarelinha, gangorra (balanço), pega-pega, salada de frutas (stop), sete pedrinhas, pedra capitão (cinco-marias), adoleta, carrinho de rolimã…. Nossa, como era divertido essas brincadeiras. Meus irmãos faziam carrinhos de madeira com pneus de sandália velha e ficavam perfeitos. Aqui, no Recôncavo da Bahia, essas brincadeiras eram a diversão de toda garotada. Se você for dessa época, aposto que vai lembrar de outras e bem legais também, daí de onde você mora. 

Hoje, o máximo que a gente vê delas são as histórias de quem passou por essa fase ou, então, quando um grupo de amigos desse período se encontram e rola algum baleado, por exemplo.  Já ouvi boatos de projetos sociais que estão tentando trazê-las de volta nas comunidades. Espero que dê certo e que se espalhe por aí. 

É bem engraçado como as crianças e adolescentes de hoje reagem ao serem apresentados à essas diversões. "Isso aí que é legal?; "Não gostei disso não";  "Eu achei isso chato demais, brincadeira muito sem sal". E ainda tem os que até se interessam em brincar, mas do nada falam: - "Quero brincar de outra coisa. Bora jogar Free Fire?". Raro são os que, de fato, quem conhecer e se apaixonam por elas como nós. 

Se eles soubessem o que é realmente brincadeira, aposto que nunca dispensariam nenhuma delas. Hoje, até boneca não é mais o xodó da era infantil. Um tablet ou um smartphone é mais cobiçado do qualquer outra coisa. As bonecas e bonecos de hoje estão sempre ligados à algum personagem famosinho, como os das redes sociais, mais conhecidos como digital influencer - que são aquelas que infuenciam comportamento e opinião das pessoas por meio do conteúdo que publica nas redes. Não vou dizer que na minha época as bonecas também não tivessem relação com famosos, tinham sim, lembro até de uma da Xuxa que era super cara. Eu tive uma já usada, na época que rolou um boato que as bonecas Xuxas estavam matando crianças. Ela era enorme. Fiquei feliz e não fiquei ao mesmo tempo, estava com medo também, e depois percebi que não poderia ser verdade essa história. Mas a maioria das bonecas eram simples, muitas até sem cabelo e nós adorávamos. 

Uma coisa muito importante das brincadeiras de minha época era a prática de atividade física. Isso contribuía muito para nossa saúde. Pular corda, onoum, baleado, sete pedrinhas, amarelinha e companhia limitada ajudavam bastante nossa musculação, nossa saúde mental e muitos outros benefícios. A vida dos jovens, crianças e adolescentes hoje é muito sedentária. Come, dorme, estuda,  come, dorme e, entre uma coisa e outra ou até mesmo durante essas atividades, o uso do celular, ou smartphone pra ser mais chique. 

Eu vejo que muita coisa se perdeu em um curto intervalo de tempo e de forma sutil, pelo menos eu não percebi quando estava acabando. Ainda não acredito que amarelinha, baleado, GENTE, BALEADO?... não é mais comum entre essa juventude de hoje. Eu amava onoum, eram muito massa. Brincava antes de entrar na sala de aula, no intervalo e depois da aula. Dediquei-me tanto à brincadeira que virei salva-vidas (quando a dupla ou grupo perdia, eu salvava a partida). Era uma disputa, todo mundo me queria no grupo. Minhas pernas eram firmes e carnudinhas por conta de tanto exercícios praticados, isso não era exclusividade minha não. 

É difícil engolir dessas "mordenagens" de hoje de que a brincadeira deles é melhor que as nossas. Mas fazer o quê? Tempo é tempo e cada vez que vai passando, muitas coisas vão ficando para trás, se perdem. Sejam elas boas ou ruins. E cada um vai defender o que rola na sua época. Eu sigo com minha opinião formada e bem convicta do que é realmente diversão. O importante é curtir bem cada fase da vida, se eles dizem que fazem isso, então viva! E sigamos nós com nossas boas lembranças.


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