90% dos idosos do abrigo dos velhos de Cachoeira não têm família

As quatro amigas tiram um cochilo enquanto esperam o almoço

A Casa dos Velhos de Cachoeira abriga atualmente vinte e três idosos, dentre eles quatro homens. Muitos chegam à Instituição por vontade própria, mas 90% não possuem vínculo familiar, ou não conseguem lembrar nada que os levem até a sua família.
Dona Guiomar Gerônimo da Silva, ou simplesmente Guiomar, mora no local há mais de 40 anos. Ela não lembra nada de seu passado antes de ir para o abrigo, mas o que se sabe dela é que morava pelas ruas de Cachoeira, com mais outros idosos.
A gerente da Casa dos Velhos, Lúcia de Souza Batista, afirma que apesar de muitos idosos brigarem com os funcionários, terem vontade de ir embora, todos são bem tratados e recebem tratamentos médicos. “Eles são pessoas que necessitam de muito amor. A solidariedade é a grande parceira da vida de todos os idosos da Casa”, expressa Lúcia.
O mais velho do abrigo é Dona Marieta Moura Filho, que desfruta hoje de seus cento e dois anos. Seu temperamento é um dos mais forte da Casa. Ela já passou por outros abrigos da região, mas os problemas de saúde se agravaram, então ela passou a morar definitivamente Cachoeira.
“Eu não tenho amigos aqui porque velho, pobre e cego não tem amigos. O que eu tinha era minha família, mas todo mundo morreu muito cedo. Ai estou aqui esperando a morte me levar também’’, desabafa Dona Marieta, mostrando que ainda está bem lúcida para contar a sua historia.
O abrigo não recebe remuneração dos velhos e vive de doações de voluntários, associados e da arrecadação de cupons fiscais na campanha Sua Nota é um Show.
A visita é uma peça importante para tornar o dia desses idosos mais agradável. O abrigo fica situado na rua Benjamim Constant nº 02 e diariamente está aberta a visitação das 14h às 17.

Tudo veio de um sonho

A Casa dos Velhos de Cachoeira surgiu do sonho da senhora Gésia Miralva Santana de Araújo. Ela lutou junto a comunidade, que fez uma campanha com listas de arrecadações de dinheiro, propagandas e bailes, além de outros recursos, no intuito de conseguir um imóvel para os velhinhos. Em 1966, Gésia transformou seu sonho em realidade, conseguindo o espaço para os idosos.

Valdelice Santos

Comentários

  1. Oi Valdenice tudo bem..
    Olha é muito triste isso. Pessoas que concerteza devem ter lutado a vida inteira pra conseguir a vida, e criar seus filhos, e na velhice não tem o apoio de ninguém.. É triste ver situações como estas. Pessoas que deviam ser absolutamente protegidas pela familia, são largadas.Triste.

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  2. Eu já fui muito contra a colocar um idoso abrigo, hoje uma pessoa mais madura e vivida entendo alguns casos, e não me coloco mais na posição de juíz daqueles que recorrem a esse recurso, hoje acredito na busca por um local vom tratamento humanizado e não deixar o mesmo em vulnerabilidade.

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