Um banho de rio

      Todos os domingos pela manhã a família de Miguel vai sempre ao rio Capivari tomar banho e fazer piquenique, apenas Miguel não vai. Ele fica na casa de sua tia porque não gosta desse tipo de lazer.
     Miguel Castro, como ele gosta de ser chamado, é apaixonado por futebol e passa uma boa parte do seu tempo jogando pelada com amigos. Mora na localidade do Beija-flor, em São Félix. É vaidoso, gosta de festa, está sempre rodeado de namoradas. Ele chama atenção da mulherada com seus braços musculosos, lábios carnudos e olhos cor de mel. Nunca gostou de fazer piquenique com seus pais, nem mesmo quando era pequeno. Acha que isso é coisa de menina. Na verdade, Miguel Castro usava esse argumento para esconder que não sabia nadar. Ele morre de medo de água e nem chega perto de rios, lagos ou marés. Como os piqueniques que seus pais realizam é sempre para um rio, Miguel se recusava a ir.
     Os amigos de pelada de Miguel marcaram, num certo dia, um passeio de bicicleta para o Capivari, e Miguel não conseguiu recusar o convite. Ficaria muito feio para ele não participar deste passeio. Mas também ficaria feio se os amigos descobrissem que ele não sabia nadar. E sem outra alternativa, ele tomou a decisão de ir ao passeio.
    No trajeto do rio Capivari, todos conversavam, riam, cantavam..., menos Miguel Castro, que se manteve em silêncio como se seu espírito estivesse ausente de seu corpo. Ao chegar de frente para o rio, seus olhos fixaram na correnteza das águas límpidas e geladas. Seus ouvidos se ativeram no som da pequena cachoeira. Caminhou um pouco mais e mergulhou seus pés no rio. Agachou e pegou um pouco de água com as mãos, molhando seu rosto. Minutos depois, lá estava Miguel se banhando nas águas do Capivari. Seus amigos nem descobriram que ele não sabia nadar, pois ele nem precisou fazer isso, ficou na parte mais rasa. 
    Depois deste banho, não quis perder mais um piquenique em família.

Valdelice Santos

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