Reduz número de artesãs no recôncavo

Peças de artesanatos produzidas
por artesãs de São Félix
Foto: Valdelice Santos
O recôncavo baiano é conhecido como o berço do artesanato na Bahia, com suas cerâmicas, rendas, bordados, e outros tipos de artesanato. Mas os dados fornecidos pelo Instituto Visconde de Mauá de Cachoeira e pela Casa da Cultura Américo Simas, em São Félix, apontam que aproximadamente, apenas menos de 0,5% da população de São Félix e de Cachoeira realizam a atividade do artesanato. Sendo 0,02% da população e 0,25% da população, respectivamente, mostrando uma contradição na afirmação do senso comum.
Algumas iniciativas vêm sendo feitas para reverter esses dados, fazendo com que a tradição não morra, como por exemplo, os cursos oferecidos pelo Instituto de Artesanato Visconde de Mauá, localizado em Cachoeira, que funciona desde 2005, realizando cursos de artesanato com entrega de certificado, para pessoas da cidade e região, e é cobrando uma taxa de R$ 5,00 mensal.
Os artesãos das cidades de Cachoeira e São Félix reclamam que artesanato não é valorizado por seus moradores e que fazem este trabalho mais pelo prazer que ele proporciona e para manter viva esta tradição. “Gostam de ganhar de presente, mas comprar que é bom, nada!”, conta Jorginéia Silva França Guimarães, artesã de São Félix. Ainda segundo os artesãos, a baixa procura pelos objetos artesanais tem contribuído para que as pessoas se interessem cada vez menos pelo ofício.
Mesmo passando por dificuldades para expor e vender os seus produtos, além de não encontrar em Cachoeira e São Félix os materiais para a confecção, tendo que se deslocar para cidades circunvizinhas, as pessoas que se dedicam ao artesanato continuam realizando prazerosamente a sua arte. “Geralmente não faço artesanato para vender porque poucas pessoas se interessam pela arte, faço pelo prazer”, conta Marlene Lefundes, 64, artesã de São Félix.
Beatriz da Conceição, mais conhecida como Bibi, diretora da Casa da Cultura Américo Simas, organiza a feira de artesanato e de materiais reciclados com pessoas de todo o município de São Félix. A feira foi criada no ano passado e acontece sempre que tem um evento importante na cidade. Sua primeira exposição foi no aniversário da cidade, no dia 25 de Outubro. “Tudo começou quando eu e outras pessoas, que trabalham comigo na Casa de Cultura, convidamos os artesãos para participar da feira. Eles atenderam ao pedido e então começamos a realizá-la”, explica Bibi.

Trabalho artesanal

A Constituição de Getúlio Vargas de 10 de novembro de 1937 amparou-o no seu artigo 136, dando direito à proteção e solitudes especiais do Estado aos artesãos. Antes disso o artesanato era omitido pela Constituição brasileira.
A aprendizagem do trabalho artesanal é adquirida de maneira prática e formal, ele se dá nas oficinas ou na vivencia do indivíduo com o meio artesanal, onde o aprendiz maneja a matéria-prima e as ferramentas e imita os mais entendidos no ofício de sua preferência.
O artesão desenvolve um estilo peculiar que dá originalidade a seus objetos, como que a marca pessoal, enquanto o padrão é a marca do grupo. Embora cada artesão tenha um estilo diferenciado do outro, não deixa de ser influenciado pelos modos de vida própria da área cultural que pertence.


Alunas do curso de pintura e bordado

a mão do Mauá em Cachoeira

Foto: Valdelice Santos

O que o Mauá considera como artesanato







O artesanato é inicialmente caracterizado pela transformação da matéria-prima em objetos úteis. O artesão é a pessoa que realiza este ofício, reproduzindo objetos aprendidos através de tradições ou de sua necessidade particular. Esta atividade pode proporcionar ao artesão melhores condições de vida, atuando contra o desemprego, além de ser uma atividade terapêutica, artística, pedagógica e cultural.
O Instituto de Artesanato Visconde de Mauá foi criado há 71 anos como Instituto Industrial Feminino Visconde de Mauá, com o objetivo de proporcionar, nos principais núcleos de população do estado, a indústria da confecção em domicílio.
O Instituto oferece cursos de artesanato em Cachoeira, como pintura, bordado a mão, corte e costura e crochê, conta com cinco professoras, que são remuneradas pela prefeitura. Ele considera além destes, objetos feitos de palha, cerâmica e cipó, renda feita à mão, esculturas de madeira, tecelagem, bordado à máquina, arte em retalho como artesanato.

Infográfico

Os cursos oferecidos pelo Mauá em Cachoeira acontecem nos dois turnos diurnos diariamente. A sua coordenadora, Noelice Melo Pereira da Silva afirmou que as pessoas da cidade não se interessam muito por artesanato.

Números de alunos inscritos no Mauá de Cachoeira que concluiram todo o curso.

Ano: 2005 - 15 alunos
Ano: 2006 - 30 alunos
Ano: 2007 - 29 alunos
Ano: 2008 - 61 alunos
Ano: 2009 - 75 alunos
Ano: 2010 - 65 alunos

valdelice Santos

Comentários

  1. Bela matéria Valdelice. Bahia é de todas as artes!!! Ted Machado

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  2. Ñ sabia q artesanato era só isso. Pra mim era tudo feito à mão. Gostei da reportagem
    Valeu

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Literando

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