Cartas trocadas

Meu nome é Luana, tenho quinze anos, moro em Cachoeira e vou contar como aconteceu a minha primeira paixão a distância, mas não contem aos meus pais. Eles não iriam gostar nadinha dessa história.

Tudo começou quando eu comprei uma revista, dessas que têm mensagens de amor e outras coisas desse tipo. Bem no finalzinho da revista tinha endereços de vários garotos e garotas que pediam para enviar cartas para eles, pois estavam a fim de fazer novas amizades. Eu gostei logo de cara de Eduardo. Imediatamente fui para o quarto e comecei a escrever a cartinha para ele e no mesmo dia levei aos Correios.

Depois de uma semana de espera, Eduardo escreveu para mim de volta, contando que gostou muito da minha carta. Durante seis meses nós dois trocamos várias cartas. Eu já estava completamente apaixonada e acredito que ele também.

Sentava em frete a minha casa e permitia que meu coração batesse acelerado quando lia cada frase da carta de Edu. Todo dinheiro que eu conseguia juntar era para enviar cartas para ele. Mas um dia uma carta de Eduardo me deixou apavorada. Estava escrita assim: “Meu amor, quero te contar uma coisa, acho que você vai amar. Assim que eu colocar esta carta nos Correios, vou comprar a passagem para ir te encontrar. Quero muito conhecer você. Te amo demais e não consigo ficar sem pensar em você num só instante. Até lá, amor. Beijos do eterno apaixonado, Edu”. Fiquei sem terra nos pés quando a li. E agora o que deveria fazer? Meus pais não poderiam saber de nada, senão eu estaria morta.

Eu queria muito namorar Eduardo, mas isso não seria possível, pois ele mora no Rio de Janeiro e eu em Cachoeira, e nem um dos dois iriam querer mudar de cidade.

Estava sem dinheiro para mandar uma carta impedindo Eduardo de me ver e já não conseguia dormir e nem fazer mais nada. Minha cabeça não parava de pensar na vinda de Edu. Mas quando achei que estava tudo perdido, minha amiga Flávia, que sabia de toda a história, me emprestou uma graninha, o suficiente para enviar uma carta via sedex.

Eduardo não me compreendeu e ficou com muita raiva de mim. Na última carta dele, contava que não mim amava e que nunca mais queria saber de mim e para eu não escrever mais nenhuma carta de volta.

Eu também fiquei muito triste com ele porque não me compreendeu e não escrevi mais carta para ele.


Valdelice Santos

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