Corredor de pesadelo


         Ouviam-se passos silenciosos de uma mulher caminhando por um corredor isento de luz. Os passos pareciam apressar-se a cada instante, embaraçados no deserto de escuridão. A mulher levava um jarro de flores nas mãos e de vez em quando, se assustava com as próprias flores. O corredor parecia ser infinito e isso a desesperava.
       Suspiros mais fortes, coração acelerado, suor frio. Naquele momento, era tudo estranho, principalmente um som que vinha sei lá de onde. Os olhos da mulher estavam fechados, bem apertadinhos. O jarro por um instante quase se desprendeu de suas mãos trêmulas.
       Ocorreram-lhe vários pensamentos do que poderia acontecer a cada passo dado. Mas com muito medo, ela criou coragem e abriu os olhos para saber se já estava no fim daquele horrível pesadelo. Algo de mais assombroso não poderia lhe acontecer mais! Uma figura, aparentando ser um homem, estava a poucos metros à sua frente, segurando uma vela acesa.
      Um grito ecoou pelo corredor em busca de socorro, junto ao barulho de vidro se despedaçando pelo chão. A mulher não sabia se enfrentava a terrível figura ou corria de medo. Mas embaraçada de dúvidas, ficara ali agachada, gritando com os olhos fechados e as mãos nos ouvidos.
     De repente, as luzes se acederam. João tentou ajudar Andréia que se encontrava apavorada no chão do corredor de sua casa. Ela olhou para João e não estava acreditando no que acabara de lhe acontecer. Brigou com o marido e foi para o quarto chorando de raiva.
       João e Andréia estavam recém-casados e foram passar a lua-de-mel numa localidade conhecida como Outeiro Redondo, localizado no município de São Félix. João resolveu assustar sua esposa porque ela jurava que não sentia medo de nada. Para testar se realmente era verdade, ele esperou Andréia passar pelo corredor, vestiu-se com roupas pretas, pegou uma vela, apagou a luz e esperou a hora do susto. Andréia não gostou nem um pouco da brincadeira e passou a noite toda sem falar com o marido.
    

Valdelice Santos

Comentários

  1. Se eu fosse a Andréia, confesso que pensaria seriamente nesse casamento com o João.
    Ñ podemos agir de acordo com os nossos intintos, sem pensar nas consequencias de nosso atos.
    João, fica esperto, rapaz!
    Abç, Carlos Henrique Aguiar

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Literando

Postagens mais visitadas deste blog

As baleias viraram pedras?

Andu e mangalô, sabores mágicos nordestinos

Gastronomia maragogipana