Ela é um bicho-papão?

     Fiquei semanas e mais semanas apreensiva com a apresentação do seminário da professora Roberta Araújo. E quem não ficaria? Todo mundo dizia que ela era muito exigente e avaliava os mínimos detalhes como a vestimenta, a direção dos olhares e os gestos manuais de cada componente do grupo.
     Nas minhas horas vagas, não fazia outra coisa a não ser ler e reler o texto. Abandonei até os passeios em Cachoeira, precisava entender todos os tópicos, pois Roberta faria algumas perguntas que deveríamos responder corretamente e com muita clareza.
     O texto era A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica de Walter Benjamin. No início da leitura, o texto ficou um pouco confuso, porém depois de algumas pesquisas, ele começou a ter sentido. Junto ao grupo, discutia os pontos mais importantes e como iríamos apresentar o seminário. Confesso que o nervosismo não queria nos deixar um só instante.
    O tempo foi passando, até que chegou 11 de janeiro de 2010, o tão esperado dia do seminário. Combinamos ir de calça, com o mesmo penteado e a mesma cor de blusa. Chegamos à Universidade dez minutos antes do início da aula. Nosso seminário foi o segundo e eu fui a primeira a falar. Não estava mais nervosa e a professora Roberta não me amedrontava mais.
    Acredito que eu e os demais componentes do grupo conseguimos passar uma mensagem clara do texto. Que por sinal, é um excelente texto e recomendo a todos que gostam de ler.
    Quase não acreditava, mas Roberta não nos fez nenhuma pergunta. Ufa!!! Poderíamos respirar mais aliviados. Mais tarde, conversando com o grupo, percebi que o nosso trabalho só deu certo porque deixamos de lado o nervosismo. O nervosismo, unicamente ele, foi o nosso bicho-papão e a professora não era quem nos amedrontava. Ela era como qualquer outro professor.

Valdelice Santos

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