Um sonho num sonho

       Era comum encontrar Ana Lívia sentada no jardim Grande em Cachoeira com suas amigas Joseane, Lara e Paulinha. Juntas jogavam conversa fora e colocavam os assuntos em dia. Ana é uma menina sonhadora e adora fazer travessuras, principalmente quando está em companhia de suas amigas.
       Ana Lívia gostava de sentar nos jardins de frente para o rio Paraguaçu, ali ela ficava admirando os barquinhos subindo e descendo no rio. Sonhava em um dia poder está num daqueles barquinhos, e para isto, planejou um passeio com o barqueiro Leomir.
       No dia marcado, Lívia e suas amigas foram ao jardim combinado, sentaram no primeiro banco que avistaram à sua frente e ficaram esperando Leomir.
       O tempo parecia não passar para Ana que esperava ansiosamente pelo seu passeio. De repente, num instante inesperado, ela já se encontrava no barquinho. Suas amigas não quiseram acompanhá-la; por motivo pouco esclarecido, o barqueiro também não quis ir. Mas Ana estava maravilhada com aquela viagem tão sonhada que resolveu ir sozinha.
       Ana Lívia guiava o barquinho com tanta felicidade que chamava a atenção da brisa, que vinha ao seu encontro beijar o seu rosto. Ela delirava com as paisagens que surgia a cada movimentação do barco que migrava em direção a cidade de Maragogipe. Passava por lugares assombrosos, sem casas e sem ninguém por perto, no entanto isto não a amedrontava, pois, para ela o interessante era estar naquele barquinho realizando o seu sonho.
       Parecia que tudo estava bem com Ana, mas quando o barco aproximou-se do Porto no Cajá, em Maragogipe, a água do rio começou movimentar-se com muita força, chegando a projetar água dentro do braço. Neste momento Ana sentiu medo pela primeira vez, não havia ninguém para ajudá-la, mesmo se ela gritasse alto ninguém a ouviria. 
       A cada minuto a água parecia ganhar mais força e Lívia não sabia resolver o problema, nem governar direito o barquinho e já estava desesperada achando que iria morrer. De repente, ela ouviu alguém chamá-la bem longe. Ana começou a rezar, pois acreditava que seria a voz da morte. Mas a voz não se intimidou com a oração e continuava chamando seu nome mais longe ainda.
       Num pequeno susto, Ana Lívia abriu os olhos e percebeu que eram suas amigas lhe chamando para ir embora para casa, porque Leomir não pôde realizar o passeio, remarcando para outro dia.
       A espera pelo banqueiro foi tanta que Ana terminou adormecendo no banco do jardim, enquanto esperava para realizar a viagem de seus sonhos e acabou sonhando com a viagem.

Valdelice Santos

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