O bom e velho amigo lápis


      Prefiro escrever as minhas anotações usando o lápis, pois a caneta desliza no papel e isso me incomoda um pouco. Posso parecer boba para alguns leitores e confesso que eu também me vejo assim. Outro motivo, o qual não gosto de usar caneta, é porque ela deixa a certeza de que não podemos deletar o que foi escrito, sem deixar marcas de que já escrevemos por ali, enquanto o lápis é diferente, você pode reescrever no mesmo lugar, apagando quantas vezes quiser, cuidadosamente.
      Ah, também gosto de escrever com o concorrente do lápis: o grafite. A vantagem deste é que você não precisa está sempre fazendo pontas. Mas com este não dou muita sorte e já perdi as contas de quantos comprei. O primeiro desacerto é na mola, quando aperto rapidamente ela encrenca e não tem outro jeito a não ser jogar fora. E quando cai no chão? De dez quedas só uma fica sem quebrar. E ainda tem o caso dos amigos que pegam emprestado e quase nunca devolvem. Além destes desacertos, tem o problema com a ponta, quando estou escrevendo no maior gosto, ela quebra. E para não ser mais surpreendida, ando com o bom e velho amigo lápis do lado.
      Tenho uma grande dificuldade de desfazer-me do lápis quando fica pequeno. Guardo todos numa caixa, mas é porque fico apegada e não por colecioná-los. Sempre que os revejo na caixa, recordo-me de muitas histórias que eles me ajudaram a construir. Também recordo de que foram eles que me ajudaram a escrever as primeiras letrinhas, um pouco tortinhas, mas fui melhorando com o tempo.
     Aprendi que a vida é como escrever com o lápis, podemos voltar e corrigir o que fizemos de errado sem deixar profundas marcas, e que o exterior do ser humano não é tão importante quanto o seu interior, assim como ele, onde o grafite – me refiro agora ao grafite de dentro do lápis – é mais essencial do que a madeira.



Valdelice Santos.

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