Todos em alerta contra moradores intrusos no Paraguaçu
– Poxa, que saudades dos
velhos tempos, não é Seu Siri Cascudo?
– Nem me fale, Velho
Roubalo. Naquela época, não tão distante, a gente descia esse rio Paraguaçu até
a comunidade de Nagé, em Maragogipe, depois voltávamos para São Félix e Cachoeira. E como nossas famílias eram grandes! Hoje
está tudo mudado. Quase não encontramos mais ninguém daquele tempo.
– Pois é. Depois que os
novos moradores vieram para o nosso rio, a coisa aqui complicou
assustadoramente. Nunca mais aquela liberdade plena.
– Eu já perdi as contas, Velho Roubalo, de quantos moradores novos vieram para cá e poucos são os que somem para
sempre.
– Não acredito, seu
Siri Cascudo, que o Senhor ficava contando aquele monte de pneus, sacolas, garrafas
e outros detestáveis moradores que entraram no nosso rio.
– No início contava sim,
para vê até onde ia chegar tudo aquilo, mas depois notei que poucos se importavam
com o nosso bem estar.
– Ah, você soube a
causa da morte de nossa amiga Camaroa Gostosona, seu Siri Cascudo?
– Soube sim. Ela foi
vítima de um pedaço de vidro que cortou seu pulmão. Mas ela não foi a única
vítima desses estranhos moradores. Já
perdi muitos familiares e amigos.
– Seu Pititinga todos
os dias faz encontros para ver como informar aos habitantes de lá de fora as
nossas péssimas condições de vida, aqui no Paraguaçu.
– Eu tenho muitas
ideias para tentar resolver esse problema, Velho Roubalo. Vou aparecer lá também
esses dias, nessa tal reunião. Chega de água suja, de comida contaminada e de
perdas de mariscos queridos por causa de estranhos moradores.
– Concordo com você, Siri Cascudo. Precisamos
resolver isso com urgência. A minha ideia seria juntarmos todos e escrever uma
mensagem de socorro usando nossos corpos. O que acha?
– É uma boa. Vamos ver
isso em conjunto e que tudo dê certo.
Por Valdelice Santos
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